Assessoria de Comunicação em 1/11/2016

A técnica de microtomografia de raios X é relativamente nova no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), está disponível para uso de pesquisadores, estudantes e empresas desde janeiro de 2015. A versatilidade dessa instalação vem atraindo o interesse de diversas áreas do conhecimento, como Química, Ciência de Materiais, Biologia, Odontologia, Medicina Veterinária, Engenharias etc. Até outubro deste ano, 99 propostas de pesquisa foram recebidas de instituições de ensino e de pesquisa do Brasil e do exterior para o equipamento.

O microtomógrafo disponível no LNNano revela detalhes da forma e da composição química das estruturas internas dos materiais, de forma não destrutiva e com resolução submicrométrica. É possível resolver detalhes de 350 nanômetros (nm) das amostras, cujo tamanho pode alcançar 75 mm de diâmetro e 70 mm de comprimento. É ideal para analisar amostras poliméricas, geológicas, biológicas, componentes e dispositivos eletrônicos, materiais compósitos e diferentes produtos industriais, mas não se limita a isso. “A técnica permite a quantificação de diferentes domínios em um mesmo material, fornecendo informações sobre a sua porosidade, fração volumétrica das diferentes fases, diâmetro e volume – tanto de poros, quanto da fase sólida – presentes na estrutura tridimensional”, explica Rubia Figueredo Gouveia, pesquisadora do LNNano e responsável pelo equipamento

Imagens de microtomografia que permitem visualizar corpos gordurosos e músculos nas pernas de Drepana arcuata, onde provavelmente se encontram os órgãos sensíveis a vibração do animal

Para Conrado Denadai, estudante brasileiro de mestrado pela Carleton University, no Canadá, o uso do equipamento foi essencial para sua pesquisa envolvendo insetos e a percepção deles do ambiente. O seu trabalho, orientado pela Profa.  Jayne Yack (Carleton University), consiste no estudo dos aparatos neurosensoriais de insetos imaturos, como lagartas, para entender como eles são utilizados para detectar vibrações em meios sólidos. O conhecimento desse mecanismo tem potencial aplicações no manejo de pragas e mesmo em robótica. O microtomógrafo foi necessário para caracterizar estruturas biológicas muito pequenas, na ordem de 1 micrômetro, que existem dentro do corpo da lagarta e que poderiam ser usadas para detectar vibração.

As análises foram realizadas por Denadai ainda na graduação pela Universidade Federal de Viçosa e renderam ao estudante o prêmio de segundo lugar como melhor trabalho, em formato de apresentação oral, durante o 25º Congresso Internacional de Entomologia (ICE, na sigla em inglês). O evento, realizado entre 25 e 30 de setembro de 2016, na Flórida (EUA), é um dos mais importantes da área.

Vista dorsal (em cima) e lateral (em baixo) da cabeça e tórax de uma lagarta de Drepana arcuata. As setas indicam a posição do cérebro, gânglio subesofageano e gânglios torácicos

“Os modelos que obtive usando as instalações do LNNano foram essenciais durante minha apresentação no Congresso”, comenta Denadai, que apresentou imagens em alta resolução para demonstrar como os tecidos das lagartas se organizam e como poderiam interagir com os orgãos sensoriais – “não tenho dúvidas de que os resultados obtidos pelo microtomógrafo contribuíram para a premiação do trabalho que apresentei”, completa. Na mesma categoria, pouco mais de 450 participantes concorreram com o estudante. Veja o resumo do trabalho apresentado aqui.

De 2015 para cá o LNNano recebeu também propostas de institutos de ensino e pesquisa da Espanha, Inglaterra, Canadá e dos Estados Unidos. No Brasil, usuários de diferentes estados, como Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal, vieram até o Laboratório para conduzir análises no equipamento. Todas as propostas podem ser encaminhadas diretamente pelo Portal de Usuários do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Para mais informações sobre o microtomógrafo, acesse a página da instalação no site do LNNano.

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