Por Estadão em 19/10/2020
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Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a divulgação do estudo clínico do vermífugo nitazoxanida em pacientes na fase precoce da covid-19 para repetir que o governo não vai obrigar a população a tomar vacina contra a doença. Ainda não há uma vacina contra o vírus que causou a pandemia atual.

‘Eu queria falar sobre uma notícia que está circulando, não é fake news, ela é verdadeira, levando-se em conta o autor. Mas na prática, ela é falsa. Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde, o programa nacional de imunização, ali incluindo as possíveis obrigatórias. A vacina contra o covid, como cabe ao Ministério da Saúde definir essa questão e já foi definida, ela não será obrigatória. Então, quem está propagando isso aí é uma pessoa que pode estar pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo’, disse Bolsonaro.

 

Em nova estocada na direção do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente destacou, mais uma vez, que qualquer vacina no Brasil precisa ter comprovação científica e ser aprovada pela Anvisa. Para Bolsonaro, muitas pessoas não vão querer ser imunizadas. ‘Nós sabemos que muita gente contraiu e nem sabe que contraiu e está imunizado. Nós vamos obrigar essa pessoa a tomar a vacina?’, perguntou.

Mais cedo, nesta segunda-feira, 19, Doria afirmou que a vacina contra a covid-19 deve ser aplicada em todos os brasileiros. Nos últimos dias, Doria e Bolsonaro têm trocado farpas, com pontos de vista antagônicos sobre essa questão.

‘Por parte dessa fonte, essa vacina custa mais de US$ 10. Por outro lado, do nosso lado, custa menos US$ 4. Não quero acusar ninguém de nada aqui, mas essa pessoa está se arvorando e levando o terror perante a opinião pública’, disse Bolsonaro, sem citar o nome de Doria, que deverá ser seu adversário na eleição de 2022.

Nitazoxanida

No evento desta noite, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, apresentou os resultados do estudo clínico conduzido por ele sobre o uso do medicamento nitazoxanida, conhecido comercialmente como Anitta, em pacientes na fase precoce da Covid-19.

As pesquisas com a nitazoxanida se basearam em um estudo do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao MCTI, que com o uso de inteligência artificial iniciou estudos com o reposicionamento de fármacos. Foram analisadas mais de 2 mil substâncias para investigar a possibilidade de inibição da replicação viral do SARS-CoV-2.

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