G1 em 02/11/2020

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) confirmou nesta segunda-feira (2) a data da homenagem ao engenheiro e físico Antonio Ricardo Droher Rodrigues, um dos “pais” do Sirius, maior projeto científico do Brasil, que morreu em janeiro deste ano, vítima de um câncer de pulmão.

Ricardo Rodrigues observa amostras metálicas no laboratório de materiais do LNLS, em 2014 — Foto: Julio Fujikawa/LNLS/CNPEM

A cerimônia que teve de ser adiada por conta da pandemia do novo coronavírus será realizada na próxima segunda-feira (9), na recepção do superlaboratório que ajudou a construir. Na ocasião, será inaugurada uma placa em homenagem ao cientista.

Ricardo Rodrigues tinha 68 anos e morreu no dia 3 de janeiro, em Campinas (SP). Diagnosticado com câncer em meados de 2019, lutou contra a doença sem deixar de trabalhar, tendo acompanhado a primeira volta de elétrons em todo equipamento e os primeiros testes com luz síncrotron de 4ª geração em dezembro – recentemente, a primeira linha de luz, que já operava em caráter emergencial desde julho, foi inaugurada com a presença do presidente Jair Bolsonaro e aberta a propostas de pesquisas.

Prevista para reunir colegas e amigos do pesquisador, a homenagem será realizada entre 9h e 10h30, e terá transmissão online.

Marcado na história

Ricardo Rodrigues já tinha o seu nome marcado na história da ciência brasileira por ter assumido a liderança técnica do projeto de construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, entre os anos de 1987 a 1997, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que integra o CNPEM.

Depois de um período longe do LNLS, Rodrigues voltou ao CNPEM em 2001 com o convite para participar da construção de uma nova fonte de luz síncrotron do País. Entre 2012 a 2019, coube a ele liderar a equipe que desenvolveu toda a estrutura e soluções para tirar o Sirius do papel.

Carreira

Ricardo Rodrigues graduou-se em engenharia civil na Universidade Federal do Paraná, em 1974. Entre 1976 e 1979 fez doutorado em Física no King’s College University of London. Foi professor no curso de Física da UFPR, e ali começou as atividades no Grupo de Óptica de Raios-X e Instrumentação (GORXI), depois renomeado para Laboratório de Óptica de Raios-X e Instrumentação (LORXI), ainda em funcionamento na universidade paranaense.

Ricardo Rodrigues (à esq.) na sala de controle da Fonte de Luz Síncrotron, em 1996 — Foto: Divulgação/CNPEM

Em 1984, Rodrigues foi convidado a participar do grupo de ótica do Instituto de Física e Química da USP, em São Carlos (SP), e envolveu-se desde o início com o Projeto Radiação Síncrotron, iniciado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Foi desse projeto que nasceu o LNLS, implantado em Campinas a partir de 1987.

O equipamento projetado sob coordenação de Rodrigues operou até o final de 2019 e foi desativado com a reta final da construção do Sirius. De acordo com o CNPM, mais de 6 mil pesquisadores utilizaram o acelerador para realizar experimentos científicos.

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