Correio Popular em 27/06/2018

Campinas vai contar, ainda neste ano, com o mais importante laboratório do Hemisfério Sul para a análise e a manipulação de elementos atômicos da matéria. O Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) — fundado há sete anos — é o centro de um complexo sistema nacional de pesquisas no setor, que nos últimos cinco anos recebeu investimentos da ordem de R$ 60 milhões do governo federal.

O dinheiro financiou a instalação de 26 laboratórios, em institutos de pesquisa e centros universitários brasileiros. Mas o aporte de recursos não para aí. As pesquisas — e a respectiva contratação de pesquisadores — serão reforçadas com recursos provenientes dos fundos de amparo à pesquisa, públicos ou privados.

“O laboratório, dentro do Centro Nacional de Pesquisas de Materiais (CNPEM), firma Campinas o berço da ciência no Brasil”, disse nesta terça-feira o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, presente à inauguração da nova planta do prédio, que ganhou mais mil metros quadrados de área construída, em dois pavimentos. A ampliação — que custou R$ 3,6 milhões — praticamente dobrou a área do edifício. As novas salas contam com absoluto controle térmico, acústico e magnético, e ainda são protegidos de vibrações ou interferências externas.

No LNNano, serão instalados três novos microscópios eletrônicos de última geração, que vão se juntar aos seis já existentes no laboratório para os serviços abertos à comunidade científica. Um dos novos equipamentos já está instalado, e coloca Campinas no restrito grupo de cidades do planeta que contam com tecnologia tão avançada.
De acordo com o professor Adalberto Fazzio, diretor do CNPEM, o laboratório equipado vai gerar pesquisas importantíssimas para a análise e o desenvolvimento de produtos nos mais diversos setores da indústria. Será possível, por exemplo, manipular os átomos a partir das estruturas microscópicas. Nas atividades práticas, será possível identificar adulterações nos compostos químicos e até detectar vazamentos microscópicos na estrutura das matérias.

Na prática, os cientistas passam a ter controle sobre o que não era perceptível. Do pãozinho da padaria à tubulação petrolífera, nenhum material escapa ao crivo da nanotecnologia. Na produção de remédios, por exemplo, os avanços serão enormes.

E a participação da iniciativa privada nas pesquisas é cada vez mais. “Nada menos que 250 empresas já financiaram pesquisas do setor”, afirma o professor. E a importância do laboratório campineiro pode ser medida pelo número de pesquisadores que passaram por lá em 2017. Foram 700, do Brasil todo. Com os novos (e mais modernos) equipamentos, o próprio ministro Kassab aposta que o LNNano será a meca de cientistas do mundo todo.

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