Por Galileu em 31/05/2021

A parceria de quase dez anos entre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), e o Instituto de Biologia Estrutural (IBS), na França, gerou mais um fruto para a compreensão de como as paredes bacterianas são formadas. Em novo estudo publicado em maio na Nature Communications, os pesquisadores mostraram detalhes da ação de uma proteína da Pseudomonas aeruginosa – bactéria frequentemente associada a casos de infecção hospitalar e resistente a antibióticos.

Com o objetivo de desenvolver medicamentos novos e mais eficientes, a pesquisa se debruçou sobre a proteína MreC, presente em bactérias alongadas e organizada em forma de filamentos e tubos. Na P. aeruginosa, foram registradas as regiões proteicas mais importantes para organização e estabilidade da parede celular. ‘Estes resultados nos proporcionaram informações valiosas para o eventual desenvolvimento de antibióticos que interrompam o processo de autoassociação de MreC e provoquem a morte das bactérias’, comemora Andréa Dessen, pesquisadora brasileira vinculada tanto ao CNPEM quanto ao IBS, em comunicado.

Segundo ela, o potencial dos achados é ainda maior porque também serve para outros tipos de bactérias. As mesmas estruturas são achadas em microrganismos como a Escherichia coli – um dos principais patógenos relacionados à diarreia – e Helicobacter pylori – associada ao desenvolvimento de úlceras e câncer gástrico.

Os resultados foram alcançados a partir de testes microbiológicos e outros métodos desenvolvidos no Brasil e na França, como cristalografia e criomicroscopia eletrônica, respectivamente.

Agora, o próximo passo é buscar moléculas capazes de inibir a formação de uma parede celular alongada. Em paralelo, a concepção de novos antibióticos feitos com compostos naturais segue a todo vapor, com colaborações entre o CNPEM, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

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