O LNNano recebeu no dia 1º de julho Philip Demokritou, diretor do Centro de Nanotecnologia e Nanotoxicologia da Escola de Saúde Pública da Harvard University, em Boston (EUA). Demokritou conheceu as instalações do Laboratório e os trabalhos que vem sendo desenvolvidos pelos grupos de pesquisa do LNNano, em especial do grupo de Nanotoxicologia.
Pela manhã, Demokritou participou de uma reunião com Nelson Durán, coordenador da Rede de Nanotoxicologia de Compostos Nanoestruturados do MCTI e colaborador no LNNano; Fernando Galembeck, diretor do LNNano; Diego Martinez, pesquisador e responsável pelo grupo de Nanotoxicologia, e Thiago Burgo, pós-doutorando no LNNano. Dentre os pontos discutidos, Demokritou comentou sobre a posição dos EUA nas questões envolvendo regulamentação de nanomateriais e Durán, por sua vez, apresentou resultados de seu grupo na Unicamp no tema de nanotoxicologia, estudo interlaboratorial com óxido de grafeno, e sobre a recente adesão do Brasil ao Projeto NANOReg, em conjunto com a União Europeia.
A reunião foi seguida por uma visita aos laboratórios e aos grupos do LNNano. Durante a visita, Diego Martinez apresentou as futuras instalações do Laboratório de Nanotoxicologia, na recente ampliação do prédio do LNNano. O início de operação desse laboratório está previsto para agosto deste ano.
Demokritou destacou a importância da instalação desse laboratório, uma vez que ele indica o alinhamento do LNNano com os principais centros de pesquisa no mundo em nanotecnologia, em que temas como nanotoxicidade e possíveis riscos do uso de nanomateriais são identificados e avaliados em conjunto com as pesquisas que visam a produção destes materiais.
Fernando Galembeck ainda destacou que o LNNano/CNPEM têm um compromisso com a sustentabilidade. Esforços estão sendo direcionados para que todos os nanomateriais desenvolvidos no Laboratório sejam submetidos a ensaios de toxicidade e ecotoxicidade. Essas informações serão fundamentais para a elaboração dos procedimentos de avaliação e gestão do risco, permitindo, assim, a exploração tecnológica e econômica desses novos materiais em bases seguras. Segundo Martinez, “a visita ocorreu em um momento bastante oportuno, dadas as discussões recentes que estão ocorrendo na Câmara dos Deputados sobre regulamentação de nanomateriais e a rotulagem de produtos”. Veja mais aqui.
Qualquer regulamentação para ser eficaz tem de ser baseada na Ciência – pontua Philip Demokritou
Regulamentação e Ciência
A visita culminou com um seminário de Philip Demokritou, às 11 horas, aberto à comunidade de pesquisadores do CNPEM e da Unicamp.
Atualmente, existe uma incerteza em torno do uso de nanomateriais e, para Demokritou, a regulamentação precoce desses produtos pode ter resultados desastrosos para essa indústria emergente. “Qualquer regulamentação para ser eficaz tem que ser baseada na Ciência”, pontua.
O Professor indica ainda o exemplo dos Estados Unidos que no momento avança com certa precaução quanto a novos materiais. Enquanto se inicia uma discussão sobre regulamentação, dá-se espaço aos grupos de pesquisa para que eles possam colher os dados científicos necessários. Somente depois desses dados é que se pode avançar com a discussão. Ao final é possível realizar uma regulamentação com base no risco real e não na percepção do risco.
Quanto a isso, Demokritou indica que um dos problemas da regulamentação não baseada na ciência é o enfoque na percepção do risco, que nem sempre reflete o risco real, mas sim uma ideia vaga do que o risco representa. “Nós temos vários exemplos de regulações ambientais. Em toda tentativa de regular uma toxina para o meio ambiente, sem que esta seja baseada em pesquisas, o resultado é desastroso. E nós temos que aprender com base nisso”, completa.
A visita do Prof. Demokritou foi possível devido ao apoio da Fundação Lemann (Facult Travel Grant) em parceria com o Programa Ciência sem Fronteiras. Após a visita, projetos de pesquisa em colaboração com o grupo do Prof. Demokritou serão discutidos, bem como intercâmbios para treinamento e aperfeiçoamento de estudantes de pós-graduação na área de nanotoxicologia.