Por Superinteressante em 13/07/2020
O maior acelerador de partículas do hemisfério sul está fazendo sua estreia em grande estilo. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron revelou as primeiras imagens em 3D feitas pelo Sirius, o maior acelerador de partículas do Brasil, inaugurado no final de 2018. As fotos mostram nada menos que as proteínas 3CL, uma das principais estruturas do novo coronavírus. Veja o vídeo:
Os resultados fazem parte de um projeto do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abre hoje (13) as inscrições para pesquisadores que quiserem estudar o SARS-Cov-2 no acelerador de partículas. Os interessados devem mandar propostas de pesquisa que serão avaliadas pelo CNPEM.
O centro procura reunir cientistas para compreender melhor as estruturas moleculares do vírus. A estação “Manacá” será dedicada ao estudo de proteínas e amostras relacionadas à doença.
A proteína 3CL, por exemplo, está relacionada ao mecanismo de replicação do coronavírus. Ao inibir a atividade dessa proteína, é possível interferir na reprodução do vírus – o que pode levar ao desenvolvimento de tratamentos ou medicamentos eficazes para a Covid-19.
Para chegar lá, os pesquisadores precisam entender a estrutura da proteína – ou seja, como os seus átomos estão organizados. A técnica de difração de raios X, usada no acelerador, faz justamente isso: detecta cada um dos átomos da proteína, formando um mapa em 3D deles, como o que você vê aqui embaixo.
Com essas informações, é possível identificar “pontos fracos” na estrutura e criar medicamentos para bloquear a ação da proteína. O mesmo já foi feito com o HIV. Algumas das drogas usadas hoje para o tratamento da AIDS foram desenvolvidas com base nas informações estruturais do vírus e das proteínas.
Na prática, o acelerador de partículas funciona como um microscópio gigante – só que muito mais potente. Ele revela com detalhes as estruturas que um microscópio não chega nem perto, como moléculas e átomos. Para isso, não basta ampliar a imagem. É preciso jogar radiação nelas e ver o resultado.
As partículas circulam no acelerador até atingirem uma velocidade muito alta. O Sirius acelera apenas elétrons, que chegam a dar até 580 mil voltas por segundo lá dentro. Esses elétrons emitem uma radiação quando adquirem energia (a difusão de raios X, que mencionamos antes).
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